CHEGA DE CULPABILIZAÇÃO DAS VÍTIMAS!
Mirian Giannella
"Somos um movimento exigindo que nossas vozes sejam ouvidas. Estamos aqui para exigir mudanças (...) Queremos sentir que seremos respeitadas e protegidas", dizem. A Marcha das Vadias é a resposta das mulheres à cultura machista de culpa-las pelos abusos e violências que sofrem.
A HISTÓRIA DA MARCHA
No começo do ano, em Toronto, no Canadá, um policial fez na televisão local uma declaração que mostra de forma clara como o mundo ainda encara a questão. Ao orientar as universitárias para que evitassem o estupro, ele "sugeriu" que elas não "se vestissem como vagabundas". Indignadas com o que consideraram uma expressão oficial da responsabilização da vítima, elas pediram uma retratação. Enquanto o episódio era investigado, a revolta foi instântanea e mulheres e ativistas de todo o mundo se organizaram e criaram a "Slut Walk", ou em bom português, a "Marcha das Vadias".
Cerca de mil mulheres, muitas delas vítimas de incesto, estupro, abuso e assédio sexual, se vestiram com roupas que desafiam o código do policial canadense e saíram em passeata para dizer que não, as vítimas de estupro nunca “estão pedindo”.
Povoado de ativistas de minissaias, lingerie, cinta-liga e decotes, o evento acabou gerando uma onda de Marchas das Vadias pelo mundo. Desde a primeira, já foram 15 eventos, e ainda há mais dezenas marcadas até outubro. Em São Paulo, a manifestação aconteceu neste sábado (4), às 14h, na avenida Paulista. No próximo dia 18, o evento acontece em Belo Horizonte.
A MINHA MARCHA
Recebi uma mensagem sobre a marcha e compartilhei, depois outras disseram também participar e fomos. De manhã, empenhei-me em escrever 3 cartazes: “Não é não”, “Obrigada por nos deixarem à mercê da crueldade!” e “Queremos nosso projeto de futuro”.
Deixo mensagem no Facebook: Vou de meia-calça preta com bota marrom, vestidinho curtinho estampadinho e colete vermelho! Encontro vocês lá!
No caminho, no meio da Vila Beatriz, cruzo a Sônia Lorens, colega de cursinho há 30 anos, parei o carro no meio da rua pra lhe convidar: -- Vamos pra Marcha das Vadias manifestar! E ela, meio desconfiada: -- “Mas, eu trabalho tanto!”... Somos todas vadias, eles nos deixam aqui putas da vida, não é? Ela não foi, quem sabe na próxima, né?
Chego na Praça do Ciclista, no fim da Angélica e 3 jovens me aguardavam com uma filmadora, fomos até o carro pegar os cartazes para ir para a Consolação, eles me acompanharam e foram atenciosos. Lá, encontravam-se além dos câmeras e jornalistas, homens da Marcha pela Liberdade que estavam presentes em solidariedade e alguns outros. Foi bom, amigos!
E policiais de montão e este que aparece ao meu lado nas fotos e nas filmagens era uma simpatia, os outros nem tanto, e este nos assediava, pois precisavam do Nome e RG do organizador. Vieram várias vezes me perguntar e eu encaminhava, mas ele voltava, cheguei a lhes dizer que o movimento não tinha coordenação, que foi espontaneamente criado pela Internet, mas acabei dando o nome do Observatório da Clínica e mandando meus recados: -- Estou pesquisando o estresse pós-traumático e vocês também são vítimas do horror da morte, a amídala cerebral fica jogando adrenalina e morfina no sangue e nos embrutece e sidera... E este policial disse saber que ficam cheios de adrenalina...
A LINDA FOTO DO UOL ilustra a abertura da escuta do representante deles, e sintetiza a fantasia de construir um projeto de futuro, de sermos de fato protegidas: Falava dos balões que caíram do prédio, no sábado anterior e que uma foto captou os balões sobre a antena da Band. Pediam Nome e RG e aproveitei pra mandar mais um recado: -- Sabiam que tem esqueletos aí pros médicos levar pra casa torturar os irmãozinhos das Sumidades Médicas?
-- Noossa! -- disse um deles, afastando-se com a prancheta!
O vídeo captou instantes depois da foto e mostra como estou sendo contundente com a verdade que se fez sem culpa! A verdade não se pode calar. ENCAREI OS POLICIAIS E AS CÂMERAS, E VOCÊS, VÃO SER COVARDES ETERNAMENTE?
CRIANÇAS CONTINUAM SENDO TORTURADAS! Isto eu não disse, mas acabo de ver num vídeo que disse bem mais do que lembrava! Hahaha! Aqui: http://www.youtube.com/watch?v=SQHODBjP_oo&feature=player_embedded
Nisso, a marcha já estava andando, quando escuto ao meu lado: Vem, as feministas estão aqui! E o amiguinho do início veio me dizer que tinham mulheres comendo maçãs! Mordiam e ficavam com as maçãs na boca e depois cuspiam! Foi sensacional!
Descemos a Augusta até o Comedians e manifestamos contra os comentários CQCistas do Rafinha Bastos e todos os cartazes da manifestação acabaram colados na porta grafitada do Comedians... hahaha! “Estupro não é piada, machismo mata”, os manifestantes protestaram contra uma piada que Rafinha fez no twitter, dizendo que mulheres feias deveriam agradecer ao serem estupradas. Ao perceber a aproximação da marcha, funcionários do local baixaram as portas rapidamente.
Mais tarde, o comediante Danilo Gentilli, também do CQC, saiu do local e comentou: "Eu acho que está certo fazer a marcha. Eu falo o que eu quero, o Rafinha fala o que ele quer e as manifestantes falam o que elas querem. Enquanto for assim está bom, isto é democracia!”.
Acabei encontrando a Nalu da SOF - organização feminista e mandando mais um recado sobre acolhimento.
Teve uma muito corajosa, Emília, vestida com lingeries, maravilhosa, displicente! E as mulheres da Marcha Mundial das Mulheres, com tambores de latas com gritos bem fortes! FOI EMOCIONANTE, ARREPIANTE, OS BRADOS RETUMBANTES E O BATUQUE NOS LATÕES REPERCUTINDO NOSSAS VOZES E AS VÁRIAS MANIFESTAÇÕES, seguem algumas:
MEU CORPO, MINHAS REGRAS!
CONTRA A GLOBALIZAÇÃO DO SILICONE.
A GENTE É MULHER E NÃO MERCADORIA!
ESTAMOS CANSADAS DE SERMOS JULGADAS POR NOSSA SEXUALIDADE E DE NOS SENTIRMOS INSEGURAS POR ISSO.
É ABSURDO ESSE PADRÃO DUPLO DE SEXUALIDADE, ISSO DE UMA MULHER QUE FAZ SEXO SER VADIA, E UM HOMEM QUE FAZ SEXO SER GARANHÃO.
ESTUPRO É QUESTÃO DE PODER, NÃO DE SEXO.
ELES DIZEM QUE A GENTE PEDE PRA APANHAR E SER ESTUPRADA, MAS É MENTIRA DESLAVADA, NÃO PEDIMOS!
A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER, NÃO É O MUNDO QUE A GENTE QUER! MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES FEMINISTAS E REVOLUCIONÁRIAS...
VEM, VEM , VEM PRA RUA, VEM, CONTRA O MACHISMO! ...
MACHISMO MATA E NÃO LEVA À NADA, ESTUPRO NÃO É PIADA, Hahaha, valeu, foi uma motivação e tanto! Mas, os formadores de opinião devem se ligar na situação da mulher no mundo, não é mesmo, senhores?
CQC, DÁ UMA FORÇA AÍ, ÔOOW!
ESTÃO MATANDO AS MULHERES!
Cadê a Elisa Samúdio? O cachorro comeu!
Estatísticas
Apenas no primeiro trimestre desse ano, em São Paulo, 3585 mulheres foram estupradas, de acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública. No Rio de Janeiro, 1246 já foram violentadas, e o número apresentou aumento entre janeiro (396) e março (434), de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública, o ISP. Na maioria das vezes, o estuprador é alguém conhecido, o que torna o crime ainda mais cruel e prova concreta do pensamento machista de possessão do corpo da mulher.
"É preciso ampliar o debate que temos sobre estupro. Nós mulheres aprendemos desde cedo que é perigoso andar sozinha, é perigoso vestir tal roupa, é perigoso sair de casa à noite. Mas boa parte dos estupros acontece dentro de casa: 80% dos estupros são cometidos por pais, padrastos, tios, primos, namorados, amigos, chefes, etc - enfim, por conhecidos da vítima", acrescenta Lola, que também é professora de Literatura na Universidade Federal do Ceará.
"Se as mulheres sofreram, no Brasil, durante 462 anos um tratamento desigual e prejudicial do direito, não se pode simplesmente ignorar estas mazelas históricas e julgar que um tratamento rigorosamente isonômico hoje possa corrigir as mazelas do passado. É preciso reconhecer que o tratamento desigual no passado gera prejuízos ainda hoje, pois não se muda a cultura de um povo do dia para a noite. E é preciso que haja leis que visem superar esta desigualdade historicamente produzida, dando um tratamento jurídico protetivo hoje, para que se possa ter uma sociedade mais igualitária amanhã."
A MARCHA está se espalhando pelas capitais do Brasil: Hoje, em Recife. Dia 17/6/2011 em Fortaleza, Dia 18/6 em Brasília, Juiz de Fora, Salvador e Natal. E dia 2/7 no Rio! Articulem-se meninas, façam seus cartazes, uma roupicha bem piriguete cai bem! ;-) Vamos manifestar contra estes milênios de tirania da dominação de machos perversos. Não somos animais a ser domadas, não obedecemos pela dor e sofrimento, esta não é a maneira de nos domesticar... Loucas, vadias, doidas varridas, jovens, velhas, mães, filhas, tias, professoras, educadoras, pedagogas, mulheres abandonadas digam como estão passando à mercê da crueldade deles! Fome, carência, escravização, usurpação, baixa remuneração e auto-estima?
NA VIOLÊNCIA, NADA ANDA!
VERGONHA A CULPABILIZAÇÃO DAS VÍTIMAS!
FONTES E REFERÊNCIAS (FOTOS, VÍDEOS E MATÉRIAS PUBLICADAS)
Jovem Pan - http://www.youtube.com/user/JovemPanOnline?blend=21&ob=5#p/u/0/At6HAdzqHY8
Jornal da Gazeta - http://www.youtube.com/user/jornaldagazeta?blend=22&ob=5#p/u/0/d-bOpI_VqNQ
BOLSA DE MULHER http://msn.bolsademulher.com/mundomelhor/marcha-pelos-direitos-das-mulheres-106290.html
IMPERATIVO CATEGÓRICO http://oimperativocategorico.wordpress.com/
NAUWEB.TV – A Marcha, esta sim, a mais bonita da cidade. – http://www.nauweb.tv/principal_video.asp?id=219
Cartão Laranja - http://www.youtube.com/watch?v=spJgtfCyOTI&feature=player_embedded
Revista TPM - http://revistatpm.uol.com.br/notas/marcha-das-vadias.html
Revista Fórum - http://www.revistaforum.com.br/conteudo/detalhe_noticia.php?codNoticia=9330
CORREIO DO BRASIL - http://correiodobrasil.com.br/sp-marcha-das-vadias-reafirma-os-protestos-da-mulheres-contra-o-machismo/250079/
Thiago Marzano – Arte - http://thiagomarzano.com.br/slutwalk
FOLHA FOTOS - http://fotografia.folha.uol.com.br/galerias/3119-marcha-das-vadias#foto-61273
Flickr – 274 fotos em 14 páginas de 11 fotógrafos
COLETIVO LEITE COM PERA - http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=tMIVfqFC87Q
Entrelinhas Blog, Silvia Kochen – jornalista
http://silviakochen.wordpress.com/2011/06/05/marcha-das-vadias-registra-boas-surpresas/#comment-85
Blog Patrícia Soares - Bonito depoimento! http://patriciasoares.wordpress.com/2011/06/06/slut-walk-pelo-direito-de-ser-mulher/
Fotos – http://waissfouder.wordpress.com/2011/06/05/cenas-da-marcha-das-vadias/
Estupro segundo a ONG stop blame
http://vodcabarata.blogspot.com/2011/06/definicoes-de-estupro-segundo-ong-stop.html
Blogs Apoio às Vítimas: Psicotraumatologia e o estresse pós-traumático, Manifesto pelos Direitos das Vítimas de Violência, A Mulher na história e outros artigos sobre as conseqüências dos abusos na infância, a ler:
http://carpediem-magia.blogspot.com
http://apoioasvitimas.blogspot.com
http://www.facebook.com/Maggia8
***
En français :
MA MARCHE
J'ai reçu un message sur la Marche et je l’ai partagé, ensuite d’autres femmes ont dit aussi participer et nous sommes allées. Je passe la matinée à fabriquer 3 affiches : « Non c'est non », « Merci de nous laisser à la merci de la cruauté ! » et « Nous voulons notre projet d'avenir ».
Je laisse message au Facebook : -- Je vais en chaussettes noires avec botte marron, robe courte et gilet rouge ! Je vous trouve là bas ! --
En chemin, au milieu de la Vila Beatriz, je retrouve Sônia Lorens, collègue de cours prépa d’il y a 30 ans, j’ai arrêté la voiture au milieu de la rue pour lui inviter : -- Allons à la Marche des Flâneuses manifester ! Et elle, à moitié méfiante : -- « Moi, je travaille beaucoup ! »… Et elle n’est pas allée, qui sait à la prochaine, n’est-ce pas ?
J'arrive à la Place du Cycliste, à la fin de l'Avenue Angélique et 3 personnes m'attendaient avec un caméra et nous sommes allés à la voitûre prendre les affiches pour aller vers la Rue de la Consolation. Où il se trouvait déjà en outre les caméras et journalistes, hommes de la Marche pour la Liberté qui étaient présents en solidarité et quelques autres. Et beaucoup des policiers et celui-ci qui apparaît aux photos et vidéos ça a été le seul à donner de la réciprocité, et nous assiégeait, ils avaient besoin du Nom et Nº d’identité de l'organisateur. Ils sont venus à plusieurs reprises me demander et j'acheminais, et il retournait, je leur ai dit que le mouvement n'avait pas de coordination, que ça a été crée spontanéement par l'Internet ! J'ai fini par donner le nom de l'Observatoire de la Clinique mais alors, j’ai aussi passé mes autres messages : -- Je fais des recherches sur le stress post-traumatique et vous aussi sont des victimes de l'horreur de la mort et ce policier a dit savoir qu’ils sont plein d'adrénaline… Aussi : -- Saviez-vous qu’il y a des squelettes que les médecins emmenent chez eux pour torturer les frères des aînés héritiers médecins ? (La Faculté de Médecine est à côté !) Un d’eux était surpris. Et j’ai aussi dit : -- Il n’y a pas besoin de tant de violence, nous sommes sans défenses... Je les remercie de m’avoir entendu, vraiment !
La marche prend d’autres villes du Brésil et du monde mais il faudra que nous nous concentrions aux grandes luttes de toutes les sociétés : Nous ne sommes pas vos esclaves !
Je vous embrasse !
09/06/2011
Vitimologia, Psicotraumatologia e Tratamento para estresse pós-traumático, memória traumática...
sábado, 11 de junho de 2011
terça-feira, 1 de março de 2011
PELOS DIREITOS DAS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIAS
Categoria : Direitos Humanos
MANIFESTO VIOLÊNCIAS E CUIDADOS: para que as vítimas de violências recebam cuidados apropriados e que seus direitos sejam respeitados
URL Curta : http://9395.lapetition.be/
Na França, em 2011, a ausência de despistagem das violências, de proteção às vítimas e de tratamentos especializados estão na origem de um custo humano enorme e de um custo bem importante em despesas de saúde e ajudas sociais que poderiam ser evitadas. Ora, é possível combater a violência por uma prevenção dirigida, uma proteção sem falhas e um atendimento especializado às vítimas. Todas as vítimas devem ser protegidas e tratadas e seus direitos devem ser respeitados.
POR ISTO, ENQUANTO ASSOCIAÇÕES, PROFISSIONAIS DO ATENDIMENTO E TRATAMENTO DAS VÍTIMAS, ENQUANTO VÍTIMAS E PRÓXIMOS DE VÍTIMAS, ENQUANTO CIDADÃOS LANÇAMOS NESTE 22 DE FEVEREIRO DE 2011: MANIFESTO E PETIÇÃO SOBRE VIOLÊNCIAS E CUIDADOS www.memoiretraumatique.org
PARA QUE AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIAS SEJAM ENFIM PROTEGIDAS,
PARA QUE RECEBAM CUIDADOS ADEQUADOS E
PARA QUE SEUS DIREITOS SEJAM RESPEITADOS
Direito a ser ouvida, reconhecida e não desacreditada;
Direito a ser socorrida, protegida e informada;
Direito a que justiça lhe seja feita;
Direito a ser tratada com dignidade, cuidado e atenção, com respeito as suas demandas e com o seu consentimento;
Direito a receber cuidados de qualidade gratuitos, por profissionais competentes e formados, em lugares adaptados e acessíveis a todos;
Direito a não sofrer violência no âmbito dos tratamentos e encaminhamentos.
EM 2011, ESTES DIREITOS FUNDAMENTAIS AINDA NÃO SÃO RESPEITADOS.
TAMBÉM ACUSAMOS
As Políticas, os Poderes Públicos, os profissionais supostos atender as vítimas de violência e a sociedade em seu todo
DE ABANDONAR AS VÍTIMAS
De não as ver, de as ignorar, de não as ouvir, de estarem na negação da realidade das violências e de suas consequências sobre a saúde, de não as socorrer, de não as proteger, de não lhes fazer justiça, de não as tratar e frequentemente de as maltratar no curso do atendimento e encaminhamento.
De abandonar as vítimas, ficar indiferente a sua sorte é lhes dar pouco valor e é confortar os agressores num sentimento de superioridade que lhes permite se outorgar o privilégio de instrumentalizar as vítimas para as submeter e se servir delas como escravas ao seu serviço.
DA NÃO ASSISTÊNCIA À PESSOA EM PERIGO
As violências fazem correr maiores riscos às vítimas e aos seus próximos que são testemunhas (sobretudo as crianças). Produzem graves repercussões imediatas e a longo prazo na saúde e desenvolvimento psicológico e social das pessoas. Constituem um dos principais problemas de saúde pública no mundo e são um determinante maior da saúde de uma população (cf o preâmbulo):
Risco de homicídios, de ferimentos graves, de contaminação e gravidez pelas violências;
Risco importante de mortes precoces com maior risco de acidente (ligados aos transtornos de atenção e de concentração, às ausências, e à exposição ao perigo multiplicados por 10), de suicídios (risco 10 à 20 vezes maior); Risco para a saúde mental com importantes transtornos psicotraumáticos: sofrimento psíquico, depressão, transtornos de ansiedade, compulsões, fobias e obsessões, problemas de sono, transtornos dissociativos, transtornos do comportamento alimentar e sexual, transtornos das condutas –expor-se ao perigo, auto-mutilações, jogos perigosos, sexualidade de risco, condutas aditivas - transtornos da personalidade, sentimento de insegurança, de culpa, de vergonha e ausência de auto-estima; Risco para a saúde física: doenças decorrentes das sequelas das violências, doenças ligadas ao estresse (cardio-vasculares, endócrinas particularmente diabetes, digestivos, genito-urinários, imunológicas, infecciosas, pulmonares, etc), doenças ligadas às condutas de risco (contaminação, gravidez precoce, gravidez de risco, consequências na saúde do consumo de tabaco, álcool, drogas, superconsumo de medicamentos), doenças ligadas à dissociação e à anestesia emocional (falta de prevenção, negligências graves), com aumento muito importante de demanda de cuidados, de exames médicos e de intervenções cirúrgicas (ligadas à memória traumática, multiplicados por 8);
Risco de fracasso escolar e profissional, de invalidez, de isolamento social, de marginalização e de exclusão, de grande pobreza, de prostituição, de alcoolismo e de toxicomania, de sofrer novas violências, de cometer violências, risco de delinquência.
DAS INJUSTIÇAS
As vítimas de violência sofrem injustiças em cascata:
Injustiça por serem vítimas inocentes de uma violência cega, presa numa história que não as concerne;
Injustiça por serem vítimas de uma sociedade que as expõe duplamente, de uma parte, criando um contexto desigual que permite aos agressores utilizar uma posição dominante para instrumentalizar indefesos, e de outra parte, não colocando todos os meios políticos em operação para lutar contra as violências;
Vítimas da comunidade que não quer nem ver, nem saber, nem ouvir, nem denunciar o que elas sofrem na intimidade de uma família, de um casal, de uma relação ou no espaço fechado do trabalho, de uma instituição;
Vítimas de maus tratos cometidos inclusive pelos profissionais que deveriam as proteger, socorrer, lhes render justiça e as tratar, e que freqüentemente não lhes dá crédito, banalizam as violências e subestiman o perigo que elas correm e as consequências que sofrem, por falta de formação, sobretudo, mas também por negligência e falta de empatia; Vítimas da injustiça desesperadora de ver agressores se beneficiar, na maioria dos casos, de uma impunidade total, por não serem denunciados, investigados, julgados no tribunal ou de serem condenados por uma justiça ainda demais parasitada por inúmeras idéias recebidas sobre as vítimas e as violências, e que desconhece os numerosos índices e provas médicas, os agressores podendo continuar a exercer violências tranquilamente;
Vítimas da injustiça que no fim das contas ficam condenadas a sofrer, a lutar e a ter que se justificar sem cessar, terão que suportar o desprezo, as críticas e julgamentos, ouvir discursos moralizantes e culpabilizantes pelos sintomas que ninguém pensa em religar às violências.
DE DISCRIMINAÇÃO
Não lutando suficientemente contra todas as desigualdades e discriminações que torna possíveis as inúmeras violências: discriminações sexistas, racistas, xenófobas, étnicas, ligadas à idade, à gravidez, deficiências, doença, à pobreza, às convicções religiosas;
Não protegendo e não garantindo condições de vida decente aos mais vulneráveis e aos mais dependentes como as crianças, os idosos e as pessoas com necessidades especiais e doentes;
Tolerando situações que são violações graves à dignidade das pessoas como as situações de escravidão, de grande pobreza, de grande marginalidade e exclusão, de exposição à prostituição e pornografia, ao tráfico, as discriminações exercidas sobre as vítimas colocando-as, a priori, sob suspeita de mentir quando denunciam as violências;
E DE EXERCER VIOLÊNCIAS OU DE SEREM CÚMPLICES
VIOLÊNCIAS POR CUIDADOS INADEQUADOS E VIOLÊNCIAS DURANTE OS TRATAMENTOS
A maioria das vítimas não se beneficia de cuidados apropriados indispensáveis.Os atendimentos estão saturados de violências, no melhor dos casos trata-se da parte dos cuidadores de desconhecimento, de falsas representações, e no pior, de indiferença, de negligências, de anestesia emocional, de discriminações e até da intenção de prejudicar: de dominar, manipular ou destruir. E os cuidados estão singularmente ausentes quando se deveria tratar as vítimas de violências.Os cuidados dados às vítimas são na maioria apenas sintomáticos e raramente levam em conta as violências, nenhum elo é feito no conjunto, o que torna os cuidados ineficazes na duração. A expressão da memória traumática pode ser enganosa e conduzir a erros diagnósticos, por exemplo, no caso de reminiscências que tomam forma em dores (quando houve espancamentos e sevícias), de sufocamento (quando houve esganadura ou estrangulamento, por exemplo), náuseas, vômitos, ausências, vertigens, até desmaios (como durante as violências), sons ou frases, gritos ou imagens ou sensações táteis que podem tomar forma em alucinações. Exames e intervenções cirúrgicas inúteis podem ser praticados, diagnósticos errados prejudiciais às vítimas podem ser feitos, como o de psicose levando a longas internações em serviços fechados e tratamentos pesados e invalidantes. Freqüentemente os tratamentos psiquiátricos propostos são apenas anestesiantes emocionais e dissociantes, como os tratamentos sedativos, os eletrochoques, o isolamento, a contenção, as anfetaminas para as crianças hiperativas (a psiquiatria na primeira metade do século XIX utilizou a "faradização", os comas insulínicos, e na França, até os anos 50, a lobotomia, ainda é praticada em alguns países). As violências exercidas sobre pessoas em crise (que revivem os traumas no momento de iluminação de sua memória traumática) são infelizmente “eficazes” no curto termo, pois levam à dissociação e à anestesia emocional que acalmam a pessoa, mas elas são catastróficas pois traumatizam de novo a vítima e recarregam a memória traumática. Pode-se tratar de violências verbais (injúrias, frases degradantes), psicológicas (chantagens, ameaças) físicas (contenção, isolamento, privações, banhos frios). Os cuidados são exercidos por definição em pessoas em situação de vulnerabilidade, que esta vulnerabilidade seja pontual, ligada a uma doença passageira, um trauma ou uma gravidez, ou que seja durável, ligada à doenças crônicas, à deficiências físicas e mentais ou a estados de grande dependência como a primeira infância e a velhice. Esta vulnerabilidade expõe os pacientes à violências ainda mais frequentes que no resto da população, da parte de cuidadores, próximos ou outros doentes. As violências sexuais cometidas por cuidadores, particularmente médicos, são bem mais frequentes que pensamos, são objeto de renegação e da lei do silêncio. A posição de autoridade do médico, o abuso da confiança implícita que desvia por sua conta a encenação de uma dívida que lhe deveria o paciente pelos cuidados prodigados, permitem a um médico impor atos violentos, de extorquir emocionalmente e de manipular facilmente uma paciente ou um paciente para quem dizer não ou se defender será impossível, como num incesto pai-filha. Na França, nenhum estudo foi feito sobre estas violências que terão graves consequências sobre as vítimas, e não dispomos de nenhuma cifra. Segundo estudos americanos cerca de 10% dos médicos, psiquiatras, psicólogos tiveram contatos sexuais com seus clientes, e ao menos 89% dos contatos sexuais no quadro das relações profissionais no âmbito da saúde tiveram lugar entre um homem profissional e uma mulher cliente.É sabido que uma pessoa deficiente corre três vezes mais riscos que uma pessoa válida de sofrer violências. As cifras canadenses (não temos cifras na França) mostram que 40% das mulheres que apresentam deficiência física sofrem ao menos uma agressão sexual no curso da sua vida, e que 39 a 68% das mulheres que apresentam deficiência mental sofrem ao menos uma agressão sexual antes dos 18 anos. Essas violências são fatores agravantes da deficiência e da exclusão.
PERGUNTAMOS:
Por que não há política de saúde que leve em conta o impacto da violência sobre a saúde das pessoas? Visto que está demonstrado que se trata de um fator de risco maior?
Por que não há formação dos médicos, psiquiatras e psicólogos clínicos em psicotraumatologia durante seus estudos e no quadro de uma formação permanente?
Por que não há centros de cuidados específicos acessíveis a todos e em todo o território e em cada Estado?Por que não há campanhas que divulguem informações sobre o impacto na saúde das violências?
NÓS QUEREMOS
Uma verdadeira política de saúde pública em relação às violências;Uma verdadeira proteção para todas as vítimas de violências;Cuidados de qualidade e de proximidade, precoces, especializados e gratuitos para todas as vítimas de violências; Formação dos profissionais da saúde para a prevenção, a despistagem e os cuidados às vítimas de violências;Centros de saúde para as vítimas em cada Estado; Campanhas de informação e de prevenção para o grande público; Promover investigação e pesquisas sobre o assunto; A criação de um observatório nacional sobre o impacto das violências e o tratamento das vítimas.
MAIS NINGUÉM DEVE SE SENTIR CULPADO POR SER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA. Este sentimento é criado por uma impostura, uma manipulação para estabelecer uma inversão de responsabilidade e uma recusa da justiça. Esta impostura é veiculada por uma sociedade desigual que apenas difunde o discurso dos dominadores: a saber, que uma vítima se situa ao lado dos inferiores, que ela não vale grande coisa, que ela é nula, fraca, incapaz. E que pior para ela, ela que não deveria ter se exposto à violência... que ela provocou... que ela não fez o que deveria ou então que ela é má, mentirosa ou ainda que ela não entendeu nada, que não é tão grave.... E esta impostura é confortada pelo fato de que as vítimas são abandonadas e nunca ouvidas, elas não merecem, então, ser protegidas e tratadas, suas palavras não têm valor e que a justiça não lhes é devida por serem indignas.
DEVE-SE SER SOLIDÁRIO COM AS VÍTIMAS E SOCORRE-LAS!
A DIGNIDADE ESTÁ DO LADO DAS VÍTIMAS,
A INDIGNIDADE DO LADO DOS AGRESSORES
Contatos: Associação Memória Traumática e Vitimologia:
Dr Muriel Salmona, Presidente
54, avenue des vergers - 92340 - Bourg la Reine
mail : drmsalmona@gmail.com ; tel : 06 32 39 99 34site :
www.memoiretraumatique.org/
PARA MAIS INFORMAÇÕES LER O PREÂMBULO: http://stopauxviolences.blogspot.com/2011/02/campagne-2011-de-lassociation-manifeste.html
E NO SITE : http://www.memoiretraumatique.org/
No Brasil: Mirian Giannella – Observatório da Clínica - Psicotraumatologia – Pesquisa e tratamento para estresse pós-traumático
mail: apoioasvitimas@gmail.com
São Paulo, capital, Butantã,
Mais informações no Blog Apoio às Vítimas http://apoioasvitimas.blogspot.com
Assine a petição
MANIFESTO VIOLÊNCIAS E CUIDADOS: para que as vítimas de violências recebam cuidados apropriados e que seus direitos sejam respeitados
URL Curta : http://9395.lapetition.be/
Na França, em 2011, a ausência de despistagem das violências, de proteção às vítimas e de tratamentos especializados estão na origem de um custo humano enorme e de um custo bem importante em despesas de saúde e ajudas sociais que poderiam ser evitadas. Ora, é possível combater a violência por uma prevenção dirigida, uma proteção sem falhas e um atendimento especializado às vítimas. Todas as vítimas devem ser protegidas e tratadas e seus direitos devem ser respeitados.
POR ISTO, ENQUANTO ASSOCIAÇÕES, PROFISSIONAIS DO ATENDIMENTO E TRATAMENTO DAS VÍTIMAS, ENQUANTO VÍTIMAS E PRÓXIMOS DE VÍTIMAS, ENQUANTO CIDADÃOS LANÇAMOS NESTE 22 DE FEVEREIRO DE 2011: MANIFESTO E PETIÇÃO SOBRE VIOLÊNCIAS E CUIDADOS www.memoiretraumatique.org
PARA QUE AS VÍTIMAS DE VIOLÊNCIAS SEJAM ENFIM PROTEGIDAS,
PARA QUE RECEBAM CUIDADOS ADEQUADOS E
PARA QUE SEUS DIREITOS SEJAM RESPEITADOS
Direito a ser ouvida, reconhecida e não desacreditada;
Direito a ser socorrida, protegida e informada;
Direito a que justiça lhe seja feita;
Direito a ser tratada com dignidade, cuidado e atenção, com respeito as suas demandas e com o seu consentimento;
Direito a receber cuidados de qualidade gratuitos, por profissionais competentes e formados, em lugares adaptados e acessíveis a todos;
Direito a não sofrer violência no âmbito dos tratamentos e encaminhamentos.
EM 2011, ESTES DIREITOS FUNDAMENTAIS AINDA NÃO SÃO RESPEITADOS.
TAMBÉM ACUSAMOS
As Políticas, os Poderes Públicos, os profissionais supostos atender as vítimas de violência e a sociedade em seu todo
DE ABANDONAR AS VÍTIMAS
De não as ver, de as ignorar, de não as ouvir, de estarem na negação da realidade das violências e de suas consequências sobre a saúde, de não as socorrer, de não as proteger, de não lhes fazer justiça, de não as tratar e frequentemente de as maltratar no curso do atendimento e encaminhamento.
De abandonar as vítimas, ficar indiferente a sua sorte é lhes dar pouco valor e é confortar os agressores num sentimento de superioridade que lhes permite se outorgar o privilégio de instrumentalizar as vítimas para as submeter e se servir delas como escravas ao seu serviço.
DA NÃO ASSISTÊNCIA À PESSOA EM PERIGO
As violências fazem correr maiores riscos às vítimas e aos seus próximos que são testemunhas (sobretudo as crianças). Produzem graves repercussões imediatas e a longo prazo na saúde e desenvolvimento psicológico e social das pessoas. Constituem um dos principais problemas de saúde pública no mundo e são um determinante maior da saúde de uma população (cf o preâmbulo):
Risco de homicídios, de ferimentos graves, de contaminação e gravidez pelas violências;
Risco importante de mortes precoces com maior risco de acidente (ligados aos transtornos de atenção e de concentração, às ausências, e à exposição ao perigo multiplicados por 10), de suicídios (risco 10 à 20 vezes maior); Risco para a saúde mental com importantes transtornos psicotraumáticos: sofrimento psíquico, depressão, transtornos de ansiedade, compulsões, fobias e obsessões, problemas de sono, transtornos dissociativos, transtornos do comportamento alimentar e sexual, transtornos das condutas –expor-se ao perigo, auto-mutilações, jogos perigosos, sexualidade de risco, condutas aditivas - transtornos da personalidade, sentimento de insegurança, de culpa, de vergonha e ausência de auto-estima; Risco para a saúde física: doenças decorrentes das sequelas das violências, doenças ligadas ao estresse (cardio-vasculares, endócrinas particularmente diabetes, digestivos, genito-urinários, imunológicas, infecciosas, pulmonares, etc), doenças ligadas às condutas de risco (contaminação, gravidez precoce, gravidez de risco, consequências na saúde do consumo de tabaco, álcool, drogas, superconsumo de medicamentos), doenças ligadas à dissociação e à anestesia emocional (falta de prevenção, negligências graves), com aumento muito importante de demanda de cuidados, de exames médicos e de intervenções cirúrgicas (ligadas à memória traumática, multiplicados por 8);
Risco de fracasso escolar e profissional, de invalidez, de isolamento social, de marginalização e de exclusão, de grande pobreza, de prostituição, de alcoolismo e de toxicomania, de sofrer novas violências, de cometer violências, risco de delinquência.
DAS INJUSTIÇAS
As vítimas de violência sofrem injustiças em cascata:
Injustiça por serem vítimas inocentes de uma violência cega, presa numa história que não as concerne;
Injustiça por serem vítimas de uma sociedade que as expõe duplamente, de uma parte, criando um contexto desigual que permite aos agressores utilizar uma posição dominante para instrumentalizar indefesos, e de outra parte, não colocando todos os meios políticos em operação para lutar contra as violências;
Vítimas da comunidade que não quer nem ver, nem saber, nem ouvir, nem denunciar o que elas sofrem na intimidade de uma família, de um casal, de uma relação ou no espaço fechado do trabalho, de uma instituição;
Vítimas de maus tratos cometidos inclusive pelos profissionais que deveriam as proteger, socorrer, lhes render justiça e as tratar, e que freqüentemente não lhes dá crédito, banalizam as violências e subestiman o perigo que elas correm e as consequências que sofrem, por falta de formação, sobretudo, mas também por negligência e falta de empatia; Vítimas da injustiça desesperadora de ver agressores se beneficiar, na maioria dos casos, de uma impunidade total, por não serem denunciados, investigados, julgados no tribunal ou de serem condenados por uma justiça ainda demais parasitada por inúmeras idéias recebidas sobre as vítimas e as violências, e que desconhece os numerosos índices e provas médicas, os agressores podendo continuar a exercer violências tranquilamente;
Vítimas da injustiça que no fim das contas ficam condenadas a sofrer, a lutar e a ter que se justificar sem cessar, terão que suportar o desprezo, as críticas e julgamentos, ouvir discursos moralizantes e culpabilizantes pelos sintomas que ninguém pensa em religar às violências.
DE DISCRIMINAÇÃO
Não lutando suficientemente contra todas as desigualdades e discriminações que torna possíveis as inúmeras violências: discriminações sexistas, racistas, xenófobas, étnicas, ligadas à idade, à gravidez, deficiências, doença, à pobreza, às convicções religiosas;
Não protegendo e não garantindo condições de vida decente aos mais vulneráveis e aos mais dependentes como as crianças, os idosos e as pessoas com necessidades especiais e doentes;
Tolerando situações que são violações graves à dignidade das pessoas como as situações de escravidão, de grande pobreza, de grande marginalidade e exclusão, de exposição à prostituição e pornografia, ao tráfico, as discriminações exercidas sobre as vítimas colocando-as, a priori, sob suspeita de mentir quando denunciam as violências;
E DE EXERCER VIOLÊNCIAS OU DE SEREM CÚMPLICES
VIOLÊNCIAS POR CUIDADOS INADEQUADOS E VIOLÊNCIAS DURANTE OS TRATAMENTOS
A maioria das vítimas não se beneficia de cuidados apropriados indispensáveis.Os atendimentos estão saturados de violências, no melhor dos casos trata-se da parte dos cuidadores de desconhecimento, de falsas representações, e no pior, de indiferença, de negligências, de anestesia emocional, de discriminações e até da intenção de prejudicar: de dominar, manipular ou destruir. E os cuidados estão singularmente ausentes quando se deveria tratar as vítimas de violências.Os cuidados dados às vítimas são na maioria apenas sintomáticos e raramente levam em conta as violências, nenhum elo é feito no conjunto, o que torna os cuidados ineficazes na duração. A expressão da memória traumática pode ser enganosa e conduzir a erros diagnósticos, por exemplo, no caso de reminiscências que tomam forma em dores (quando houve espancamentos e sevícias), de sufocamento (quando houve esganadura ou estrangulamento, por exemplo), náuseas, vômitos, ausências, vertigens, até desmaios (como durante as violências), sons ou frases, gritos ou imagens ou sensações táteis que podem tomar forma em alucinações. Exames e intervenções cirúrgicas inúteis podem ser praticados, diagnósticos errados prejudiciais às vítimas podem ser feitos, como o de psicose levando a longas internações em serviços fechados e tratamentos pesados e invalidantes. Freqüentemente os tratamentos psiquiátricos propostos são apenas anestesiantes emocionais e dissociantes, como os tratamentos sedativos, os eletrochoques, o isolamento, a contenção, as anfetaminas para as crianças hiperativas (a psiquiatria na primeira metade do século XIX utilizou a "faradização", os comas insulínicos, e na França, até os anos 50, a lobotomia, ainda é praticada em alguns países). As violências exercidas sobre pessoas em crise (que revivem os traumas no momento de iluminação de sua memória traumática) são infelizmente “eficazes” no curto termo, pois levam à dissociação e à anestesia emocional que acalmam a pessoa, mas elas são catastróficas pois traumatizam de novo a vítima e recarregam a memória traumática. Pode-se tratar de violências verbais (injúrias, frases degradantes), psicológicas (chantagens, ameaças) físicas (contenção, isolamento, privações, banhos frios). Os cuidados são exercidos por definição em pessoas em situação de vulnerabilidade, que esta vulnerabilidade seja pontual, ligada a uma doença passageira, um trauma ou uma gravidez, ou que seja durável, ligada à doenças crônicas, à deficiências físicas e mentais ou a estados de grande dependência como a primeira infância e a velhice. Esta vulnerabilidade expõe os pacientes à violências ainda mais frequentes que no resto da população, da parte de cuidadores, próximos ou outros doentes. As violências sexuais cometidas por cuidadores, particularmente médicos, são bem mais frequentes que pensamos, são objeto de renegação e da lei do silêncio. A posição de autoridade do médico, o abuso da confiança implícita que desvia por sua conta a encenação de uma dívida que lhe deveria o paciente pelos cuidados prodigados, permitem a um médico impor atos violentos, de extorquir emocionalmente e de manipular facilmente uma paciente ou um paciente para quem dizer não ou se defender será impossível, como num incesto pai-filha. Na França, nenhum estudo foi feito sobre estas violências que terão graves consequências sobre as vítimas, e não dispomos de nenhuma cifra. Segundo estudos americanos cerca de 10% dos médicos, psiquiatras, psicólogos tiveram contatos sexuais com seus clientes, e ao menos 89% dos contatos sexuais no quadro das relações profissionais no âmbito da saúde tiveram lugar entre um homem profissional e uma mulher cliente.É sabido que uma pessoa deficiente corre três vezes mais riscos que uma pessoa válida de sofrer violências. As cifras canadenses (não temos cifras na França) mostram que 40% das mulheres que apresentam deficiência física sofrem ao menos uma agressão sexual no curso da sua vida, e que 39 a 68% das mulheres que apresentam deficiência mental sofrem ao menos uma agressão sexual antes dos 18 anos. Essas violências são fatores agravantes da deficiência e da exclusão.
PERGUNTAMOS:
Por que não há política de saúde que leve em conta o impacto da violência sobre a saúde das pessoas? Visto que está demonstrado que se trata de um fator de risco maior?
Por que não há formação dos médicos, psiquiatras e psicólogos clínicos em psicotraumatologia durante seus estudos e no quadro de uma formação permanente?
Por que não há centros de cuidados específicos acessíveis a todos e em todo o território e em cada Estado?Por que não há campanhas que divulguem informações sobre o impacto na saúde das violências?
NÓS QUEREMOS
Uma verdadeira política de saúde pública em relação às violências;Uma verdadeira proteção para todas as vítimas de violências;Cuidados de qualidade e de proximidade, precoces, especializados e gratuitos para todas as vítimas de violências; Formação dos profissionais da saúde para a prevenção, a despistagem e os cuidados às vítimas de violências;Centros de saúde para as vítimas em cada Estado; Campanhas de informação e de prevenção para o grande público; Promover investigação e pesquisas sobre o assunto; A criação de um observatório nacional sobre o impacto das violências e o tratamento das vítimas.
MAIS NINGUÉM DEVE SE SENTIR CULPADO POR SER VÍTIMA DE VIOLÊNCIA. Este sentimento é criado por uma impostura, uma manipulação para estabelecer uma inversão de responsabilidade e uma recusa da justiça. Esta impostura é veiculada por uma sociedade desigual que apenas difunde o discurso dos dominadores: a saber, que uma vítima se situa ao lado dos inferiores, que ela não vale grande coisa, que ela é nula, fraca, incapaz. E que pior para ela, ela que não deveria ter se exposto à violência... que ela provocou... que ela não fez o que deveria ou então que ela é má, mentirosa ou ainda que ela não entendeu nada, que não é tão grave.... E esta impostura é confortada pelo fato de que as vítimas são abandonadas e nunca ouvidas, elas não merecem, então, ser protegidas e tratadas, suas palavras não têm valor e que a justiça não lhes é devida por serem indignas.
DEVE-SE SER SOLIDÁRIO COM AS VÍTIMAS E SOCORRE-LAS!
A DIGNIDADE ESTÁ DO LADO DAS VÍTIMAS,
A INDIGNIDADE DO LADO DOS AGRESSORES
Contatos: Associação Memória Traumática e Vitimologia:
Dr Muriel Salmona, Presidente
54, avenue des vergers - 92340 - Bourg la Reine
mail : drmsalmona@gmail.com ; tel : 06 32 39 99 34site :
www.memoiretraumatique.org/
PARA MAIS INFORMAÇÕES LER O PREÂMBULO: http://stopauxviolences.blogspot.com/2011/02/campagne-2011-de-lassociation-manifeste.html
E NO SITE : http://www.memoiretraumatique.org/
No Brasil: Mirian Giannella – Observatório da Clínica - Psicotraumatologia – Pesquisa e tratamento para estresse pós-traumático
mail: apoioasvitimas@gmail.com
São Paulo, capital, Butantã,
Mais informações no Blog Apoio às Vítimas http://apoioasvitimas.blogspot.com
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